segunda-feira, 8 de junho de 2009

Alongamento pré-treino pode causar perda de força ?


Pesquisa americana indica que alongamento pode causar perda de força.






Um estudo da Universidade de Nevada (EUA) mostrou que os exercícios para alongar mais utilizados, chamados estáticos, além de não garantirem a prevenção de lesões, causam perda de força nos membros inferiores.

Publicado na edição de setembro do periódico “Journal of Strength and Conditioning Research”, o estudo foi feito com atletas de alto desempenho. Divididos em grupos, os participantes realizaram alongamentos estáticos (extensão de um grupo muscular mantida por 20 a 30 segundos), alongamentos dinâmicos (extensão de grupos musculares em sentidos opostos em movimentos contínuos) e nenhum tipo de alongamento. Em seguida, realizaram exercícios de salto e flexão do joelho. Com um aparelho, foi medida a força muscular nas pernas.

O grupo que fez alongamento estático apresentou maior perda de força muscular; em menor grau, os que fizeram o alongamento dinâmico também perderam força nas pernas, algo que não aconteceu com os participantes que não realizaram nenhum exercício para alongar os músculos.
É a pedra de cal para a indicação do alongamento pré-exercício? Ainda não. Bill Holcomb, um dos autores do estudo, diz que aumentar a flexibilidade é importante para reduzir lesões, mas que os alongamentos estáticos devem ser feitos depois –e não antes– do exercício.

Holcomb também sugere uma alternativa pré-exercício: atividades para aquecer o corpo todo (como realizar um trote leve) combinadas com movimentos do alongamento dinâmico por um curto espaço de tempo (cerca de dez minutos). Porém, para atividades que exigem o uso máximo da força muscular (como salto em distância), ele desaconselha qualquer alongamento.

O esquema proposto é sustentado por outro estudo, dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA. Apresentada em julho, a pesquisa, com 1.435 atletas de futebol feminino, mostrou que a realização de aquecimento combinado a alongamentos dinâmicos reduziu quase à metade as lesões de joelhos.



Polêmica





Paulo Zogaib, professor de medicina esportiva da Universidade Federal de São Paulo, acredita que estudos como o que mostra perda de força muscular podem ser válidos para atletas de alto desempenho, mas não teriam grande influência para esportistas amadores.

Para ele, é importante ressaltar o papel do aquecimento antes do alongamento. Embora preconizado por especialistas e professores de educação física, são poucos os praticantes que seguem a recomendação.

“Aumentar a temperatura corpórea é necessário para produzir energia para a contração muscular e promover uma redistribuição do fluxo sanguíneo, privilegiando os músculos que serão utilizados”, diz.

Zogaib também considera controverso o alongamento dinâmico. “Os movimentos ativam todas as estruturas musculares, deixando-as de uma forma mais próxima da que o corpo vai usar na atividade seguinte. Porém, como opõem extensões com contrações, aumentam o risco de lesão se não forem feitos corretamente.”

Ricardo Munir Nahas, diretor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, considera que o alongamento dinâmico pode ser arriscado e deve ser praticado sob supervisão por quem tem pouca experiência. O mais importante, para ele, é manter o bom senso.

“Alongar não dói. Se isso acontecer, é porque a pessoa está na posição errada ou ultrapassando os limites.”

Mara Patrícia Traina Chacon-Mikahil, professora de educação física da Universidade Estadual de Campinas, acha o alongamento dinâmico interessante quando prepara o corpo para uma atividade que combine extensões e contrações de grupos musculares opostos, como vôlei ou futebol. “A vantagem é possibilitar uma ativação neuromuscular ao mesmo tempo em que ajuda a promover o aumento do metabolismo, preparando melhor o corpo para o esforço.”




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